terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Retro 2012 - Se o mundo tivesse acabado, eu não me arrependeria

    Depois de passar o ano de 2011 resumindo-se em: primeiro semestre - estudo e namoro, e o segundo em  - estudo e trabalho, posso dizer que 2012 foi mais do que especial, fez nascer uma nova pessoa.
    Não da para querer começar falando diretamente sobre 2012, sem deixá-los entender um pouco sobre o que passava na minha cabeça durante o final do ano passado...pois bem, foi um ano comum até a metade quando comecei a trabalhar, conciliar estudo e trabalho não foi fácil até porque eu estava trabalhando seis dias por semana até que chegou o final do ano que havia-me decidido em voltar para o Brasil no dia 04 de janeiro deste ano, passagem marcada, planos feitos até que meu pai chega e me fala: ''Chegou uma carta para você, veio da China e eu estava escondendo-a durante alguns dias''. Pô, nem me lembrava que logo quando voltei de viagem da China tinha mandado todos os papéis tentando uma vaga para estudar chinês até porque haviam se passado mais de 6 meses. Não sabia se eu o xingava ou se agradecia pela sinceridade, mas tudo bem, não sei até hoje se a carta chegou antes ou depois de ter comprado a passagem. Larguei o colegial e passei dezembro e janeiro me dividindo em dois trabalhos - na fábrica durante a semana e no The Amigos durante os finais de semana, pude guardar um bom dinheiro.

                                         25 de Fevereiro de 2012 - Foi quando tudo começou...
    Vim acompanhado da minha mãe, dizia meu pai que mais vale a experiência do que a juventude. Estava-o certo, mas só valeu a companhia porque a experiência não estava servindo muito, momentos em que eu já não sabia mais o que fazer eu olhava para ela e lá estava ela na cama comendo os kilos e kilos de frutas que comprava todos os dias e ainda falava ''se vira, é você quem vai morar aqui durante um ano''...enquanto eu estava a colocar foto no dormitório, tentando me comunicar com a chinesa (comunicação feita era: eu falava em inglês e ela me respondia em chinês). E quando falei com meu pai por Skype pela minha vez, a primeira frase foi "me tira dessa merda de país, estou indo comprar a passagem e volto para o Japão segunda-feira junto com a mãe". Lembro-me claramente da segunda-feira em que ela foi embora, foi naquele dia em que todos os sentimentos, bons e ruins vieram e quando realmente me dei conta da 'cilada' em que estava entrando.
    Houve vários dias em que chorei antes de dormir ou rezava pedindo por algo, era normal, passei um mês apenas estudando durante esse mês a solidão foi a minha maior companhia, todas as vezes que chegava em casa já ligava para minha família, só para ter alguém para conversar - vi a importância da família ao seu lado, apoiando-te - até que comecei a sair para bares e restaurantes aí vieram os novos amigos, novas histórias, novas pessoas... Estudava a semana toda para sair na sexta, tinha ótimas notas, nas tarefas, nas provas e nunca me atrasei ou perdi nenhuma aula fatores que fizeram eu receber o reconhecimento da escola. Não queria nenhum relacionamento, lembrava me da palavra "foco" que a Tayná havia me dado no meu último dia de escola na Hiro.
    Estava conseguindo até que em uma dessas festa de aniversário conheci alguém, conversamos bastante durante a festa, nos entendemos bem e pouco antes de acabar recebo o convite para ir para a disco, fiquei de pensar mas no final acabei topando. Dançamos a noite toda (estanho, eu dançando? é a vida) e pouco antes de pegar o meu caminho de volta para casa trocamos o numero de telefone e fui. No sábado, marcamos um almoço na segunda, obviamente sem segundas intenções faltava apenas um mês para o semestre acabar e a diferença de idade que são de nove anos, ou seja, amizade e nada mais.
     Passei esse último mês como estava acostumado a passar até encontrar minha mãe novamente em Beijing e depois voltar para o Japão.
    No Japão pude encontrar meu irmão, meu pai, amigos e professores. Trabalhei durante os dois meses que fiquei lá, juntei mais dinheiro, fui para Osaka e Kyoto com o pessoal da China. Um mexicano, australiano, japonês, brasileiro e uma coreana todos andando pelo Japão falando chinês foi estranho, mas foi uma das melhores viagens que tive até hoje.












                                 
                                         3 de Setembro de 2012 - Começa o segundo capítulo


    Ao chegar para o segundo semestre de estudo tinha na minha cabeça que estudar seria meu foco, mas que gastaria mais tempo com o pessoal, fazendo novas amizades e conhecendo mais lugares. Na teoria tudo seria perfeito, mas ao chegar deparo com o primeiro problema: não havia mais vagas no dormitório, já eram 6 horas da tarde e ainda não havia lugar para dormir. Após rodar muito pela universidade pedi emprestado o celular de uma chinesa, e consegui ligar para a Carol que estava tentando alugar um apartamento para ela, ótimo eu só deveria atravessar a universidade tem todas as malas e tentar encontrá-la para e ir para a agência, não haviam nada para aquele dia. Encontrei o David que me deu as chaves da casa da Marina e enfim um lugar para dormir, teria até sexta para encontrar algo. Consegui mudar me parar o dormitório, mas iria dividir com um coreano que passou a primeira noite toda gritando e falando palavrão, encontrei duas japas e resolvemos alugar um apartamento e dividir o aluguel, estava todo feliz, sair do dormitório, mudar para uma casa, e o preço do aluguel nada mal. Pouco tempo depois já bateu o arrependimento, pediram para trancar o gás, proibindo me até de fazer o ovo frito quando necessário.
    Estudar durante a semana e sair na sexta continuava sendo meu modo de pensar, divertia-me muito e reforçava as amizades.
    Lembra da garota que conheci na festa de aniversário no primeiro semestre? Mantínhamos contato durante as férias e depois que voltamos para cá passamos a conversar com maior frequência e sair também. Deixamos claro que acima de tudo a amizade era boa e por isso nada aconteceria entre nós e dentro de dois meses eu teria a prova de chinês nivel cinco e ela que escrever a tese além de muitas outras coisas, continuei fazendo amizades, curtindo. Porém uma semana depois passamos do ''nada pode acontecer'' para a amizade colorida.

    Mas não foi por isso que acabaram as histórias, David e Alejandro continuaram me colocando em cada situação... David me fez ir as compras, pegamos o ônibus e passamos nada menos do que DEZ estações de onde deveríamos descer, pegamos outro e passamos a 800 metros do local. Andamos em busca dos presentes, achamos porém ele não sabia o tamanho das roupas, ligou para a Colômbia as 4 horas da manha para perguntar aos pais... Ótimo parecia que tudo estava resolvido, até o momento em que cartão de crédito não queria funcionar, desistimos e voltamos para a universidade. Alejandro por sua vez me fez passar por ''gay'' e ele, como meu ''namorado''. É claro que não rolou beijo nem nada, mas tivemos que dançar fazendo assim com que acreditassem, nada adiantou...coloquei toda a nossa atuação por água abaixo quando beijei a garota com qual estava tendo a amizade colorida. Vi a importância de conhecer a cultura ou hábitos do país/local em que você vive, aprendi que na Coréia e na China quando se aceita o convite para ir ao cinema é mesma coisa que aceitar um pedido de namoro...
    Quem pensa que durante esses oito meses que estive na China aconteceram apenas coisas boas como: boas histórias, novas pessoas, novas experiências está muito enganado. Foram vários os momentos em que pensei em desistir, voltar para a casa e continuar aquela minha vida normal e sem graça. Foram muitos os momentos em que chorei, estressei, desesperei, ligava para minha mãe e falava: ''mãe me ajuda, já não sei mais o que fazer!'' (podem ler um pouco mais sobre isso nos posts anteriores que fui escrevendo durante esse tempo). Alguns amigos que hoje estão no Brasil ou no Japão sempre me ajudaram, me apoiaram e falaram ''vai em frente'' isso com certeza ajudou bastante.
    Lembro me da quinta feira em que estava nervoso e peguei a bicicleta às dez horas da noite, o mapa e sai para ''passear'' durante a cidade. Acabei me perdendo e voltei para casa as três horas da manha.


             ''Ninguém disse-te que seria fácil, pelo contrário as dificuldade que você encontraria seriam cada vez maiores. No fundo você sabe: tudo que vem fácil, vai fácil não tem aquele 'gostinho' de conquista, então levante a cabeça, estufa o peito e segue em frente. Daqui algum tempo você vai poder falar que valeu a pena, tudo o que você fez não foi em vão, terá mais histórias para contar e se orgulhará disso. Cada preocupação, cada 'loucura' que você fez ficaram registrada na sua memória.''



    Antes de vir para China me lembro muito bem do que meu pai disse: ''No Brasil você tem seus familiares, amigos, pessoas que você já conhece e que irão sempre te ajudar, o que fará com que sua readaptação seja mais fácil e rápida, você tem a China, um país que você conhece pouco, esteve lá por 4 dias e gostou, não conhece ninguém, não conhece ''nada'', muitos menos o idioma e tradições. Você tem um caminho fácil e um difícil, o fácil é o que todos querem seguir, mas se você for pelo difícil e vencer tenha certeza que valerá mais apena principalmente se você seguir no ramo do comércio exterior como você diz querer seguir, são muitos os empresários que estão de olho na China, o mundo todo hoje volta seus olhos para lá.''


    De certo modo eu acho que ele estava certo, afinal ele passou um ano e meio no Japão sozinho, sabe um pouco o que é isso, o que você sente, suas dificuldades.

    Aprendi muito durante esse ano, aquele garoto que cometia erros bobos cresceu, penso em todas as vezes que errei e hoje falo ''como eu era idiota'' e que poderia ter usado um pouco mais a cabeça, a inteligência e não teria errado. Mudei minha visão em relação ao mundo, aprendi que são as pequenas coisas que mais valem a pena, que dinheiro não é tudo, amizades não se encontra em qualquer lugar serão poucos os que estão ao seu lado ajudando-te, aprendi que um dia você cresce, sai de casa e depois de algum tempo sente falta do quarto arrumado, da roupa lavada, da comida na mesa, aprendi que muitas vezes mais vale calar-te e observar do que abrir a boca e falar coisas sem ter razão, assim como aprendi que muitas vezes é preciso falar mais alto, expressar sua opinião do que simplesmente calar-te, aprendi que momentos passam, memórias ficam e oportunidades precisam ser aproveitadas.
    Se perguntarem me ''valeu a pena?'' certamente falarei que sim, são poucas as pessoas que têm essa oportunidade como eu tive e estou tendo. Final do ano chegando...começo a fazer meus planos e objetivos para 2013. Uma coisa é certeza volto para o Japão dia 02 de janeiro para terminar o colegial, ver a família, amigos, professores e dia 18 de fevereiro volto para a China e começo a terceira parte dessa viagem, aventura, loucura sei lá podem chamar do que quiser.

    E sabe aquela frase ''só lá na China''? Então, foi nesse país que encontrei tudo o que estava precisando, talvez o caminho certo a seguir durante os próximos anos...

6 comentários:

  1. Cara, gostei muito do que vc escreveu, eu sempre tive vontade de ir para china estudar, mas sei la, eu tenho um pouco de medo, sabe... por não conhecer nada e não saber falar nenhuma outra língua a não ser o portugues.
    Mas em janeiro quando vc voltar para o japão, vamos combinar de sair e trocar umas ideias ae, me informar direitinho neh kkk e quem sabe eu tbm não vá para china ein ?! Hehe
    Renan Shiraishi

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    1. vou estar na escola a partir do dia 15 praticamente todos os dias, vou ficar na biblioteca estudando, da para trocar ideias na hora do almoco é só falar.

      Gustavo Igarashi

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  2. Eeeeita Gugu, lendo assim seus textos não tem como não achar que você tá muito bem ai, apesar dos perrengues. Mas sabe, isso é bom, faz a gente lembrar das coisas e maioria das vezes essas lembranças que nos fazem felizes!
    Aproveite o restinho do ano e seja MUITO feliz, siga o caminho que acredita ser bom e vai fundo!
    Eu to torcendo aqui por você.

    Beijos :*

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    1. Valeu Miky! quero ver sua retro, ta demorando muito para sair haha
      vou ser feliz sim, pode ter certeza. espero que você goste e aproveite bem o seu curso de aeromoça, vai fundo, vai dar tudo certo.

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  3. Pois é, Gustavo! Agora estou entendendo como você foi parar aí na China. Me faz lembra a época que fui servir o exército em Curitiba. Longe da família e amigos, como fazem falta. Não via a hora de acabar o tempo de serviço militar, e voltar para casa. Mas, vá em frente! A China oferece oportunidades para aprender no mundo dos negócios. Um abraço e um bom início de ano!

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    1. Brigado Akira!
      Pode ter certeza que vou em frente sim e aproveitar todas as oportunidades.
      Abraço e um próspero feliz ano novo!

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